domingo, 12 de setembro de 2010

FORDISMO/ POS -FORDISMO .....CRISE?!?

O capitalismo atual traz grandes transformações para o mundo. A globalização econômica trouxe uma nova realidade para os países: a idéia de Estado-Nação perde a força para a junção econômico-social.
As inovações tecnológicas juntamente com os mercados financeiros são bases da globalização, considerando o mundo como um único bloco.
Vivemos hoje a chamada maior crise econômica de todos os tempos. É possível revertê-la? Para onde vamos? Como a história nos ajudaria?


O FORDISMO – O que foi?

O regime fordista teve início nos EUA e no pós-guerra alastrando-se pelo mundo. Aliando os princípios tayloristas (divisão do trabalho manual e intelectual), Harvey define da seguinte maneira o Fordismo: "O que havia de especial em Ford (e que, em última análise, distingue o fordismo do taylorismo) era a sua visão, seu reconhecimento explícito de que a produção de massa significava consumo de massa, um novo sistema de reprodução do trabalho, uma nova política de controle e gerência do trabalho, uma nova estética e uma nova psicologia, em suma, um novo tipo de sociedade democrática, racionalizada, modernista e populista".
Na fábrica automobilística de Henry Ford em Michigan em 1914, é estabelecido o dia de trabalho em 8 horas e a recompensa de cinco dólares para os trabalhadores de sua linha de montagem automática.Ford propunha que a sociedade fosse baseada no consumo de massa e para isso, deveriam haver condições propiciadoras.
Esta linha de montagem automática viria a facilitar o aumento da produção, do lazer e do consumo. Ele acreditava em um poder corporativo que regulamentaria a economia geral. Com essas características o fordismo criou uma rápida elevação do investimento e do consumo por pessoa.
A incoerência neste sistema ( no capitalistmo) é sem dúvida sua característica fundamental. As crises em ciclos são inerentes ao sistema ( justificando a crise atual 2008/2009). Produzir muito sem demanda efetiva é um dos maiores problemas, e esta “depressão” só foi vista por Ford com clareza após ela ter ocorrido.
O primeiro obstáculo notado por Harvey no período entre-guerras quanto à propagação fordista foi:: "(...) o estado de relações e classe no mundo capitalista, dificilmente era propício à fácil aceitação de um sistema de um sistema de produção que se apoiava tanto na familiarização do trabalho puramente rotinizado, exigindo pouco das habilidades manuais tradicionais e concedendo um controle quase inexistente ao trabalhador sobre o projeto, o ritmo e a organização do processo produtivo".
O segundo obstáculo seria: "(...) [eram] os modos e mecanismos de intervenção estatal. Foi necessário conceber um novo modo de regulamentação para atender aos requisitos de produção fordista; e foi preciso o choque da depressão selvagem e do quase-colapso do capitalismo na década de 30 para que as sociedades capitalistas chegassem a alguma nova concepção da forma e do uso dos poderes do estado".
A solução para estes problemas veio apenas no pós-guerra. Foi feita uma parceria entre os controles estatais dando uma estabilidade ao sistema capitalista, solucionando a falta de demanda.
As características mais importantes no sistema fordista foram: a estabilidade nas relações de trabalho(convenções coletivas, o Welfare State, a legislação), as relações entre bancos e pequenas empresas (terceirização), o controle da moeda pelo Banco central e a participação importante do Estado na economia.
Visando a acumulação, o fordismo privilegiou principalmente a escala nacional voltando sua produção para o mercado interno, pois a padronização dos produtos e as técnicas repetitivas da linha de montagem baratearam os custos.


Como o Fordismo entrou em crise?

O sistema teve sua crise iniciada no final dos anos 60 onde a produtividade, perdeu a sua força. O poder de compra dos trabalhadores crescia num ritmo maior e, conseqüentemente, as taxas de lucros diminuíam. Enquanto isso o Japão e a Europa Ocidental tinham se recuperado do pós-guerra e a sua produção gerava excedentes, incitando as exportações.

A competição internacional aumentava com a inclusão Latino Americana e Sul Asiática causando a queda do dólar e aumentando o problema fiscal norte- americano. A solução encontrada ( como vivemos atualmente ) foi a demissão de trabalhadores. A crise petrolífera colaborou ainda mais para o declínio do sistema fordista originando a crise do Welfare State..
O fordismo no período de 1965 a 1973 não conseguiu resolver esses problemas. Harvey afirma que: "A profunda recessão de 1973, exacerbada pelo choque do petróleo, evidentemente retirou o mundo capitalista do sufocante torpor da estagflação (estagnação da produção de bens e alta de inflação de preços) e pôs em movimento um conjunto de processos que solaparam o compromisso fordista. Em conseqüência, as décadas de 70 e 80 foram um conturbado período de reestruturação econômica e de reajustamento social e político. no espaço social criado por todas essas oscilações e incertezas, uma série de novas experiências nos domínios da organização industrial e da vida social e política começou a tomar forma. essas experiências podem representar os primeiros ímpetos da paisagem para um regime de acumulação inteiramente novo, associado com um sistema de regulamentação política e social bem distinta".
Com essas contradições dá-se início à passagem do fordismo para o pós-fordismo.

O que foi o Pós- Fordismo?

A crise do sistema fordista gerou uma linha de experiências buscando revitalizar o sistema capitalista. O que define o pós-fordismo (acumulação flexível) é a oposição aos princípios fordistas.
O processo produtivo flexibilizou-se “desmanchando” tudo o que existia até então. O que se observou na realidade foi uma revolução tecnológica que tinha o interesse de mudar o quadro da crise . Harvey diz que:"A acumulação flexível (...) é marcada por um confronto direto com a rigidez do fordismo. Ela se apóia na flexibilidade dos processos de trabalho, novos mercados de trabalho, dos produtos e padrões. Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produção de produção inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional. A acumulação flexível envolve rápidas mudanças dos padrões de desenvolvimento desigual, tanto entre setores como entre regiões geográficas, criando, por exemplo, um vasto movimento no emprego do chamado “setor de serviços”, bem como conjuntos industriais completamente novos em regiões até então subdesenvolvidas ( tais como, a Terceira Itália, Flandes, vários vales e gargantas de silício, para não falar da vasta profusão de atividades dos países recém-industrializados )".
A característica mais marcante desta revolução tecnológica foi a chegada assustadora do microprocessador e das interfaces eletrônica tanto em novos produtos como no próprio processo de trabalho: a microeletrônica redefine um novo significado para a automação.Reduzindo as margens de lucro procurou-se “flexibilizar” as relações de trabalho, recompondo o modelo lucrativo. O antigo contrato de trabalho (regular) foi substituído por trabalhos temporários, parciais e até mesmo subcontratados.

Essas relações receberam denominações específicas sendo a primeira, a via Neotaylorista onde aprofundam-se os princípios tayloristas e a automação, diminuindo as regalias fordistas para os trabalhadores. EUA, Grã-Bretanha e França são os países que se adaptaram a esta via.
Na segunda via ficaram o Japão, Alemanha e Itália (Norte), com a Kalkariana visando a evolução tecnológica e a segurança de emprego, bons salários, etc.).
Na via Californiana visava-seo engajamento individual incentivado pela diferenciação salarial, além da receio de “perda” de emprego. As mudanças tecnológicas também foram responsáveis pela reorganização do espaço dentro da indústria onde o principal modelo é o Just In Time, possibilitando através da informática o trabalho com estoques mínimos.

A localização de novos centros de indústrias ocorre também por causa do mercado de trabalho,(tanto na fartura de mão-de-obra como na debilidade da organização sindical). As periferias dos países com as características acima foram procuradas com maior frequência.

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GABRIEL ANTONIO DA ROSA

Um comentário:

  1. Gostei muito, mas queria saber: Em que momento o toyotismo ganha espaço nas indústrias?

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