quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Toyotismo fordismo e taylorismo

Aluno:Laudicir turma: 81


Toyotismo, fordismo e taylorismo
30-Mar-2007

toyotismoMuito se tem falado nos últimos tempos de precariedade, de crise no movimento sindical, de Toyotismo, Fordismo e Taylorismo. Penso no entanto, e desculpem a sinceridade que esta discussão tem sido um pouco vazia, baseada em leituras de textos de outrem, sem a referência critica que qualquer análise digna deve ter. O Bloco de Esquerda deve ter, a bem, até da sua credibilização junto da classe trabalhadora, uma linha de pensamento própria, estruturada e entendida por todos para que se possa fazer o caminho que acharmos mais correcto para dar a volta á situação que actualmente se vive.
Texto de Daniel Arruda
Este texto não pretende ser um lugar de verdades. Este texto pretende abrir temas. Pretende abrir á discussão outras perspectivas para que daí nasça uma discussão sobre o caminho que deve ser trilhado por uma força de esquerda e socialista moderna como o Bloco de Esquerda pretende (e é) ser.

Se este texto provocar alguma discussão, já me sentirei um pouco realizado. Pelo menos parte do objectivo foi conseguido.

Evolução industrial e capitalista e as respostas do movimento sindical

Os vários estádios por que a industria e consequentemente o capitalismo passaram até aos nossos dias e até chegarem ao que é consensualmente chamado de neoliberalismo são a meu ver fundamentais para podermos estudar a evolução do movimento sindical e o seu continuo decréscimo de influencia e chegarmos a sobejamente conhecida crise que o movimento sindical atravessa nos dias de hoje. È também minha opinião que um capitulo dedicado a este tema deve ter uma especial atenção aos contextos socio-económicos e territorial em que se deram as grandes ofensivas capitalistas pois essas características são fundamentais para se poder discutir as nuances e derivações que o Toyotismo assume consoante o lugar do Planeta é aplicado ou o porque da decisão da não aplicação do Toyotismo noutros lugares. Penso que esta reflexão também é necessária para percebermos o Toyotismo e decifrarmos a solução do problema que a meu ver tem afectado e afectará nos próximos anos o movimento sindical, que é o da falta de novas respostas para novas provocações do neoliberalismo.

Da revolução industrial aos dias de hoje

A 1ª revolução industrial tecnológica vem com a máquina a vapor, os caminhos-de-ferro e com o tear mecânico. A 2ª e responsável por um novo salto no desenvolvimento do capitalismo veio com a electricidade o petróleo e o aço. A terceira tem como base a energia nuclear a informática e a biotecnologia. Ora o traço comum são, a grosso modo, as fontes de energia, as vias de comunicação e os equipamentos. Mas a sequência e interligação vai muito além da adopção de novos padrões.

A revolução industrial surge em Manchester por volta da década de 80 do sec.XVIII. e surge na Inglaterra que, mesmo antes de se tornar no berço do capitalismo, já era uma das regiões mais ricas e desenvolvidas do planeta., ou seja a condição sócio económica de um País, como condição de referência no salto qualitativo da ideologia capitalista. A 2ª revolução vai ocorrer nos Estados Unidos da América, quando Ford resolveu pegar e aplicar as ideias de "organização científica" do trabalho (divisão do trabalho manual e intelectual - pesquisa e desenvolvimento, engenharia e organização racional do trabalho/execução desqualificada) de Taylor na produção automóvel.

Os EUA eram a potencia emergente da época, ponto de destino de mais de 33 milhões de emigrantes no fim do sec XIX inicio do século XX e que acabaria por ultrapassar a Inglaterra como potencia do ponto de vista económico. Os emigrantes foram o combustível que o Fordismo necessitava para produzir em massa e para as massas.

O Fordismo era no entanto um conceito limitado como o tempo o veio a provar. A primeira contradição do sistema Fordista é exactamente o conceito da produção de massas para um consumo de massas. (aliás a relação entre trabalhador e consumidor será abordada num ponto independente mais adiante). A ideia que uma linha de montagem automática facilitaria o aumento da produtividade, do lazer e consequentemente do consumo. O que não era previsto no sistema fordista eram as crises cíclicas que se abatem sobre o sistema capitalista. Varias foram as razões para o colapso do sistema fordiano, entre os quais o facto de quer a Europa e o Japão começarem a recuperar da guerra mundial e começarem, especialmente a Europa a criar excedentes de produção diminuindo de sobre maneira as importações vindas dos EUA e também devido ao aumento do poder de compra e consequente baixa do juro nos EUA, mas o ultimo e se calhar o mais importante foi o choque petrolífero da década de 70 do sec. Passado.

Na terceira revolução industrial dá-se a viragem da era industrial e também do capitalismo. Ao contrário do que aconteceu nas duas primeiras revoluções ou estádios do capitalismo a 3ª revolução dá se não num país desenvolvido ou emergente mas sim num país devastado e derrotado na segunda guerra mundial. O Japão, ao contrário do que tinha acontecido nos EUA que tinha visto o seu país "engordar" com remessas e mais remessas de emigrantes, é na altura um país que tinha perdido 1,2 milhões de pessoas consequência da guerra. È ao contrário da Inglaterra da 1º revolução, um país que mais uma vez devido á 2ª Guerra Mundial e aos 5 anos de ocupação americana, perdeu a quase totalidade do seu parque industrial.

É nesta diferença que se dá a grande viragem do capitalismo, em grande parte devido as necessidades específicas de um país destruído, sem matéria humana e sem matérias-primas em muitos casos. Estas condicionantes são importantes para entender-mos aquilo que posteriormente foi chamado de Toyotismo e as suas diversas dinâmicas locais á escala planetária.

Mas nem só de questões sociais se faz a diferença deste estágio para os outros. Também a nível geográfico o Japão estava nos antípodas de ser uma referência. Um país com cerca de 378.000m2 (pouco menos que a Alemanha ou a Finlândia) mas onde cerca de 80% do solo é montanhoso e praticamente imprestável nos mais diversos sentidos. Também culturalmente o Japão é um país diferente e isso faz alguma diferença no implementar de uma filosofia.

É nesta conjuntura que se começa a desenhar o Toyotismo. Perante uma indústria arrasada os japoneses reergueram-na em moldes mais actuais. Para contornar a escassez de matéria-prima cortaram o desperdício até quase zero criando eliminando o desperdício e criando o conceito de produção magra. Devido ao reduzido espaço físico reduziram ao máximo os stocks de produtos e matéria-prima criando o conceito de Just in Time (JIT). Devido a concorrência das grandes empresas Norte Americanas o Japão mobilizou o estado e o patriotismo do povo. Cortaram custos desnecessários ampliando o tempo Produtivo do equipamento, diminuindo o tempo de paragens não planeadas através de planos preventivos e o tempo produtivo do operador fazendo-o operar ao mesmo tempo diversas maquinas e ao mesmo tempo zelando pelo qualidade limpeza e manutenção do produto e maquina criando assim o conceito de flexibilidade e polivalência. Mas o Toyotismo não é só isso. É todo um conjunto de conceitos e prática que no seu conjunto são a essência do sistema.

Mas se o sistema capitalista mudou e evoluiu, criando anticorpos aos movimentos de trabalhadores "refinando" chantagens e movimentos de bloqueio, o que fez o mundo sindical.

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