segunda-feira, 28 de junho de 2010

Meninos-bomba são arma do Talibã

Tropas do Paquistão descobrem várias crianças dispostas a morrer pelo Islã

O paquistanês Shaukat Ali, 16 anos, jogava críquete quando foi sequestrado. Os criminosos não pediram resgate e até ofereceram pagar a sua família pelos serviços que o jovem prestaria. Eles não eram sequestradores comuns, mas militantes do grupo extremista Talibã. E a obrigação de Ali era virar combatente ou, pior, se explodir em um atentado suicida.

Ali é um de 11 meninos, com idades entre nove e 18 anos, resgatados do Talibã pelas forças de segurança do Paquistão, segundo informações divulgadas ontem. Nove das crianças e adolescentes foram detidos após enfrentamentos com o grupo, e outros dois se entregaram voluntariamente às tropas paquistanesas. Os garotos eram arrancados de suas famílias, obrigados a assistir a vídeos sobre a opressão aos muçulmanos e doutrinados até que se dispunham a se suicidar.

– Eles faziam uma lavagem cerebral de tal forma que as crianças chegavam a chamar seus pais de infiéis – disse Bashir Bilour, uma autoridade da província da Fronteira Noroeste.

De acordo com o general Nadeem Ahmed, chefe de uma força especial que lida com o retorno de pessoas expulsas das suas regiões durante os três meses de combates no Vale de Swat e nas áreas vizinhas, os meninos lhe contaram que existem muitos outros, entre 300 e 400, na mesma situação.

Um psiquiatra examinará os meninos-bomba resgatados e indicará como poderão ser reintegrados à sociedade paquistanesa. Algumas dessas crianças voltaram para casa, mas alguns pais optaram por entregá-las às autoridades devido ao estado psicológico em que se encontravam após o doutrinamento. Para elas, o Islã é tudo, por isso precisam conduzir ataques suicidas pela causa.

– Os nove que resgatamos parecem propensos a voltar a uma vida normal – ressaltou Ahmed.

Tropas paquistanesas estão há três meses engajadas em ofensivas contra o Talibã em várias regiões da fronteira com o Afeganistão, lutando contra militantes muitas vezes recrutados nas localidades. Também ontem, um terrorista jogou seu carro-bomba cheio de explosivos contra uma barreira policial na região tribal do Waziristão do Norte, matando dois policiais e ferindo outros cinco.

Aluna: Tainara Hans

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